ONTEM UM GRUPO DE
PESSOAS LIGADAS A IGREJA
EVANGÉLICA CANAÃ
EM TRAIRI ( ENTRE ELAS EU ) SE
DESLOCOU ATÉ A VIZINHA
CIDADE DE ITAPIPOCA,
COM A INTENÇÃO DE ASSISTIR
UM CULTO ONDE O
PALESTRANTE SERIA O
PASTOR JECER GOES, LÍDER (???)
DA IGREJA. PARA
MUITOS SERIA O PRIMEIRO
CONTATO A
LIDERANÇA(???) O QUE É CLARO, GEROU
MUITA EXPECTATIVA.
EXPECTATIVA QUE SE
TRANSFORMOU EM DECEPÇÃO.
A PRIMEIRA AÇÃO QUE CHAMOU
A ATENÇÃO FOI A
FALTA DA LEITURA
DA PALAVRA NO INICIO DO CULTO.
A SEGUNDA FOI A FORMA
COMO O JECER GOES
TRATOU O OPERADOR DE
ÁUDIO QUE BUSCAVA
MELHORAR A QUALIDADE DO
SOM.
NO MEU ENTENDER FALTOU
EDUCAÇÃO E FALTOU O
AMOR ESPERADO DE
UM "LIDER"(???)
NA SEQUÊNCIA UM CANTOR (
TRAZIDO DO RIO DE JANEIRO) ENTOOU ALUGNS HINOS E FALOU DA VIDA
DELE TOMANDO MUITO TEMPO DO
HORÁRIO RESERVADO AO
CULTO.
FALOU-SE DE QUE ELE TERIA
VINDO A ITAPIPOCA PARA
SE
APRESENTAR, DESPOJADO DE QUALQUER TIPO DE
NEGÓCIO E QUE:
"NÃO TERIA TRAZIDO CDS
PARA VENDER." MAS, AO
FINAL DO EVENTO, AS
PESSOAS FORAM CONVIDADAS
A, DO LADO DE FORA
DO TEMPLO A ADQUIRIR UM CD
DO IRMÃO CANTOR.
DEPOIS OUTRO PASTOR ASSUMIU
O MICROFONE E
PASSOU A FALAR DO
ENVOLVIMENTO DA IGREJA NA
POLITICA E NAS ENTRELINHAS
APRESENTANDO UM
CANDIDATO.
SE FALTOU ALGUÉM NESTE
CULTO (??). FOI DEUS.
NO FINAL AINDA DISTRIBUIRAM
UMA REVISTA E NELA
INSERIDA UMA PROPAGANDA
DIRETA, PEDINDO VOTO
A UMA PESSOA LIGADA A
IGREJA.
ABAIXO TRANSCREVO UMA PUBLICAÇÃO QUE SE
ENCAIXA BEM NO TEMA. ANTES VEJAM O MATERIAL
QUE FOI DISTRIBUIDO
TIVE O CUIDADO DE APAGAR O
NOME E O NUMERO DO
CANDIDATO PARA NÃO CORRER O RISCO DE FAZER
PROPAGANDA PARA ELE
Todos
Perdem Quando Política e Religião se Misturam
POR
@leorossatto
O Estado Laico
Nos últimos
anos, um movimento na política nacional ganhou relevância entre diversos grupos
políticos: a inserção da ideologia de grupos religiosos, especialmente
católicos e evangélicos, nas campanhas políticas.
Católicos e
evangélicos têm longa história no país. O catolicismo foi a religião oficial no
Brasil durante todo o período de colonização portuguesa e também durante os
reinados de Dom Pedro I e Dom Pedro II.
Na
Constituição de 1891, promulgada após a Proclamação da República, o Estado
brasileiro passou a ser laico. Já trabalhei a definição de Estado laico nesse espaço, é bom relembrar:
Estado
Laico
O
Estado brasileiro é considerado laico desde a Constituição de 1891. Isso quer
dizer que, desde 1891, são admitidos cultos e manifestações de todas as
religiões no país.
Atentem
para a definição de Estado Laico: o laicismo não é conceituado como a
ausência de religião na sociedade, mas como a independência entre o governo e
os assuntos religiosos. A religião não interfere nos assuntos governamentais, e
o governo não interfere nas manifestações religiosas. O laicismo tem origem o
termo francês laissez, que significa “deixar, permitir, não
interferir”. É esse o papel do Estado Laico.
A
demanda por Estados Laicos nasceu na Europa do século XVIII, depois de uma
longa história de influência da igreja na administração dos Estados Nacionais.
E é um dos principais pilares da religião moderna, uma vez que pressupõe aliberdade
religiosa e a igualdade de tratamento entre todas as religiões.
O
Crescimento Evangélico no Brasil
A partir do
início do século XX, as igrejas protestantes começaram a apresentar expressivo
crescimento no número de fiéis. Em 1911, os missionários suecos Gunnar Vingren
e Daniel Berg fundaram a Assembléia de Deus no Brasil. Era a primeira igreja
pentecostal em solo nacional, juntando-se às tradicionais igrejas protestantes
Batistas, Presbiterianas, Luteranas e Metodistas, com congregações no Brasil
desde o século XIX.
O movimento
evangélico tornou-se mais forte no país nas décadas de 50 e 60, com o
estabelecimento de outras igrejas pentecostais no país. As mais notórias delas
são a Igreja Quadrangular, a Brasil Para Cristo e a Igreja Deus é Amor. Elas
compartilhavam muitos costumes da doutrina da Assembléia de Deus, como o
ascetismo (a recusa religiosa do prazer) e a busca por sensações
associadas à espiritualidade. Em 1970, os evangélicos já eram 5,2% da população.
Foi então
que surgiu o movimento que mudaria a composição religiosa do país. O
neopentecostalismo provocou uma mudança essencial no paradigma das igrejas
evangélicas brasileiras. Surgido em um cenário de repressão política, na década
de 70, as igrejas neopentecostais pregam, essencialmente, a mesma busca por
sensações associadas à espiritualidade das igrejas pentecostais. No entanto,
reformulam o ascetismo, conferindo ao mesmo um tom materialista: enquanto as
igrejas pentecostais apregoavam o ascetismo como forma de ir para o céu, as
neopentecostais têm no ascetismo uma forma de conseguir “bênçãos”.
As
principais igrejas neopentecostais são a Igreja Universal do Reino de Deus, a
Igreja Apostólica Renascer em Cristo, a Igreja Internacional da Graça de Deus e
a Igreja Mundial do Poder de Deus. Todas elas contam com uma característica em
comum: o pesado investimento em mídia. Todas essas igrejas contam com programas
de TV e rádio e um pesado portfólio de investimento em marketing. O objetivo?
Demonstrar a grandeza das igrejas e como as pessoas são “abençoadas” ao
frequentá-las, e atrair mais fiéis. Programas como o “Fala que eu te escuto”,
transmitido nas madrugadas da Rede Record, são referenciais nesse tipo de
propaganda.
Os nomes
opulentos não são casuais. A impressão de grandeza é um atrativo a mais para o
público que essas igrejas querem alcançar: em geral pessoas com pouco estudo,
residentes nas regiões periféricas das grandes cidades, com uma sensação
histórica de menosprezo por parte do poder público.
É mais
fácil acreditar na promessa de uma mudança de vida rápida quando você não tem
nenhum outro alento. E também é inegável o fato de que muitas dessas igrejas (e
não só as neopentecostais) desenvolvem uma admirável rede de ajuda mútua aos
seus membros, que conta, muitas vezes, com a distribuição de cestas básicas e
com visitas aos lares das pessoas com maiores dificuldades.
Não há
condenação nenhuma no exercício de uma crença religiosa. A crença em qualquer
divindade (ou a não-crença) é uma prerrogativa individual, que deve ser
respeitada em qualquer ocasião. O problema começa quando as entidades
religiosas tentam determinar o funcionamento da sociedade.
Religião
e Política
Os nomes
megalomaníacos das igrejas neopentecostais não são casuais. São uma estratégia
bem articulada de marketing. As igrejas devem parecer infalíveis e “poderosas”
para que as pessoas se sintam assim dentro dos templos. É esse o conteúdo da
maioria das pregações religiosas: você vai ser vitorioso e bem sucedido, seus problemas
vão acabar, você será curado de quaisquer enfermidades. Não entrando no mérito
da validade de tais promessas, o fato é que, no cerne da filosofia dessas
igrejas, está um estilo de vida individualista e voltado ao consumismo. Um
estilo de vida em que os ensinamentos de amor e de compaixão da Bíblia cedem
lugar, em muitos momentos, a uma lógica competitiva, concorrencial, retomando a
velha máxima weberiana de que o sucesso na Terra reflete o sucesso da relação
do fiel com Deus.
Reuniões de
empresários ou de profissionais liberais são comuns nesses templos. É natural
que, por trás de uma ideologia que prega o sucesso individual, em um ambiente
coletivo ocorram discussões políticas e haja a gênese de um projeto de poder.
Foi o que aconteceu com as igrejas neopentecostais.
Ainda na
década de 90, alguns membros dessas igrejas concorreram a cargos eletivos, com
o argumento de “resguardar os direitos dos evangélicos”. Sim, a preocupação
essencial era em relação à liberdade de culto, afinal, na década de 90, ainda
havia uma sombra de “perseguição” aos evangélicos por parte da maioria católica
do país.
O ponto de
virada dessa filosofia ocorreu entre 1998 e 2002, quando o ex-governador do Rio
de Janeiro Anthony Garotinho concorreu à Presidência da República, tentando
angariar para si o voto dos evangélicos. Não havia uma campanha organizada,
apenas um uso da “marca” evangélico como forma de angariar votos. Nessa mesma
época, Carlos Apolinário fez uma campanha semelhante a governador do Estado de
São Paulo. O assunto não era mais tabu.
No entanto,
a última década presenciou dois movimentos distintos, que merecem menção:
- A
aceleração do crescimento no número daqueles que se declaram “evangélicos” no
Brasil. No Censo de 2000, os evangélicos eram 15,4% da população. No Censo de
2010, passaram a ser 22,2%, o que representa um incremento de 16 milhões de
pessoas em apenas 10 anos.
- A
“neopentecostalização” de igrejas tradicionais e pentecostais. As igrejas
tradicionais e pentecostais também fazem parte do grande corpo informal chamado
“movimento evangélico”. Como parte de um mesmo movimento, o compartilhamento de
cultura é inevitável. Só que os maiores produtores de “cultura” no meio
evangélico são justamente as igrejas neopentecostais, que detêm o controle da
mídia. Apenas as igrejas mais tradicionais, com uma base doutrinária forte,
resistem a esse processo de “aculturação”, decorrente com o contato constante
com esse tipo de cultura também aceito como evangélico.
Esses dois
processos distintos provocaram uma mudança de paradigma importante nas igrejas
evangélicas brasileiras: seus membros não são mais considerados “oprimidos”
pela maioria católica do país.
E foi aí
que as lideranças evangélicas cometeram seu maior erro: ao invés de
compreenderem os ensinamentos de Cristo, que tinha cuidado especial pelos
oprimidos da sociedade, como os pobres, leprosos e prostitutas, muitos líderes
evangélicos influentes fizeram o contrário: tornaram-se opressores. Adotaram
uma postura sectária e preconceituosa contra outras minorias da sociedade, como
os movimentos LGBT e as religiões africanas.
Além disso,
muitas igrejas evangélicas, contaminadas pela megalomania neopentecostal,
organizaram-se em um projeto de poder. O reflexo desse projeto é a Frente
Parlamentar Evangélica na Câmara dos Deputados, que é multipartidária e foi
criada com aquele mesmo intuito inicial de “resguardar os direitos dos evangélicos”,
mas se desvirtuou, sendo abrigo para pessoas que querem impor sua visão de
mundo, atacando o Estado Laico, que foi concebido no Brasil, em 1891,
justamente para atender aos interesses dos evangélicos.
A
eleição atual
Esse
projeto de poder não era tão determinante até a eleição presidencial de 2010,
quando José Serra começou afazer uso intensivo das igrejas e seus pastores em
sua campanha eleitoral. Os boatos a respeito de Dilma Rousseff foram espalhados
prioritariamente nas igrejas católicas e evangélicas, provocando uma explosão
de conservadorismo com reflexos na eleição atual.
Na eleição
para a Prefeitura de São Paulo, o projeto de poder de alguns líderes
evangélicos tornou-se nítido. Embarcando na onda neoconservadora que promove
movimentos esdrúxulos como o “volta ditadura”, muitas organizações religiosas
apóiam deliberadamente políticos que atendam aos seus interesses. A Igreja Universal do Reino de
Deus coordena a campanha de Celso Russomano. Pastores pedem voto para José
Serra durante cultos. O apoio de padres, pastores e
líderes religiosos passa a ser disputado por todos os políticos. Eles não lutam por um estado
laico, mas por um Estado em que sua visão religiosa seja privilegiada. Aí é que
está a gravidade de enxergar a política sob um viés religioso.
Por outro
lado, líderes religiosos que tentam influenciar os votos de seus fiéis não
podem ser considerados como tais. Um dos princípios básicos de qualquer crença
religiosa é o respeito à escolha alheia, o resto pela opinião alheia, o
respeito pela visão de mundo alheia.
Isso revela
um profundo menosprezo pelos fiéis por parte dos políticos e líderes
religiosos. Os políticos buscam apoio nas igrejas por considerarem que os fiéis
estão entorpecidos pelo “ópio do povo” e são mais fáceis de manipular. Os
líderes, por sua vez, crêem que exercem influência sobre esses fiéis a ponto de
determinar a escolha política deles. E ambos só fazem isso porque, para algumas
pessoas, infelizmente, esses clichês acabam soando verdadeiros.
Conclusão
Nossa visão
de mundo é fruto de nossas experiências pregressas, de nosso aprendizado
cotidiano, da forma como encaramos a vida. E um valor essencial para a
convivência social é o respeito pelas escolhas alheias.
Um gestor
público deve lutar por um Estado laico, com liberdade de crença e de
manifestação dessa crença para todos. Não deve lutar pelos interesses
específicos de uma religião, sob pena de instalar um regime que seja opressivo
aos demais.
Os líderes
religiosos, especialmente os evangélicos, não devem lutar pela introdução de um
regime repressivo por um fato simples: opressão atrai opressão. Quem oprime
hoje, pode ser oprimido amanhã.
Não é algo
generalizado e existem muitos líderes evangélicos que até hoje não toleram (com
razão) a realização de campanhas políticas em igrejas. Mas muitos evangélicos,
historicamente oprimidos, tornaram-se opressores. Pior que isso, tornaram-se
pessoas que barganham apoio político em troca da certeza de que continuarão
podendo oprimir outros grupos. Esse tipo de atitude é intolerável sob dois
pontos de vista: o cristão, que guarda valores totalmente diferentes do que
esses líderes pregam, e o social, que zela pela boa convivência entre os
diferentes grupos sociais em um único espaço.
No final, é
uma relação em que todos perdem: os políticos, que contaminam seu discurso de
hipocrisia; os religiosos, que vendem sua fé em nome de um projeto de poder; e
a sociedade, que vê a discussão política empobrecida e acaba mais propensa a
ser comandada por maus políticos.
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